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Projetar o Futuro com o BMY

Projetar o Futuro com Canvas de Modelo de Negócios Pessoal (BMY)

Thiago Ribeiro
Estrategista de Marketing, Designer de Serviços, Professor de Negócios e Mestre em Economia.

Índice

Esse é o nosso segundo artigo sobre o Modelo de Negócios Pessoal.

Para quem não leu o primeiro, nele falamos sobre o que é e para que serve o BMY (Business Model You). Caso deseje conhecer a ferramenta antes de prosseguir com a leitura, pode seguir esse link.

Se já conhece a ferramenta, baste seguir daqui para a frente.

Projetar o Futuro

No artigo anterior, mencionamos três possíveis aplicações para o BMY, quais sejam:

  • Uma ferramenta para o autoconhecimento;
  • Uma ferramenta para a organização pessoal;
  • Uma ferramenta para o planeamento pessoal.

Nesse artigo, focaremos no campo do planeamento pessoal, mas, para isso, precisaremos inicialmente de trabalhar em nosso autoconhecimento, para que possamos orientar o melhor possível as decisões que tomaremos nos exercícios de projeção que faremos daqui em diante.

Valores x Princípios

Em minha visão e experiência enquanto empreendedor e consultor, quanto maior a clareza acerca daquilo de que gostamos e do que queremos para nós, melhores decisões tomamos sobre os caminhos que percorreremos em nossas vidas.

Nessa perspectiva, ter clareza sobre quais são os valores que balizam as nossas decisões e quais os princípios que orientam as nossas ações é fundamental para a nossa realização e felicidade.

Valores e princípios, muitas vezes são utilizados de forma intercambiável, mas, para mim, são diferentes em sua essência:

  • Valores – São limites que impomos, barreiras que não queremos cruzar para atingir os nossos objetivos e metas.
  • Princípios – São guias que orientam a nossa forma de agir num determinado contexto, portanto, são mais específicos e mais diretos.

Seguem alguns exemplos de valores e princípios que tento seguir para orientar minhas decisões e ações no campo profissional:

Valores Pessoais

Aqueles que tento preservar em minhas decisões profissionais:

  • Liberdade – Procuro envolver-me em projetos que não me limitem geograficamente, nem me forcem a estar fisicamente em algum sítio por períodos prolongados (meses seguidos).
  • Autonomia – Procuro por projetos que me permitam exercer a criatividade e nos quais eu esteja o máximo possível no controle sobre a alocação do meu tempo e forma de dedicação.

Aqueles que busco ofertar em minhas relações profissionais:

  • Honestidade – Ser transparente, não mentir, não enganar, não trapacear e, acima de tudo ser leal a quem merece o devido respeito.
  • Profissionalismo – Dar sempre o meu melhor, trabalhar com excelência, independente do tamanho do projeto e do bolso do cliente.

Princípios Estritamente Profissionais no âmbito do meu trabalho como estrategista de marketing

  • Eficácia – Evitar o desperdício de tempo e de recursos, remover os impedimentos e procurar por soluções que são boas o suficiente por agora, e seguras o suficiente para se testar.
  • Empirismo – Trabalhar com evidências e não apenas com a intuição. Criar experimentos e avaliar os resultados concretos.
  • Melhoria Contínua – Testar pequenos incrementos constantemente, para melhorar os resultados e adaptar os projetos às mudanças do ambiente.
  • Transparência – Manter ambientes compartilhados com os clientes para que eles possam acompanhar o desenvolvimento do trabalho e os resultados das ações.

Esses valores foram fruto do autoconhecimento, e os princípios, da minha experiência no campo da Sociocracia 3.0[1] – uma forma de autogestão moderna.

Há algumas ferramentas utilizadas pelo pessoal dos Recursos Humanos que podem nos ajudar a definir nossos valores. Seguem alguns exemplos de ferramentas que você pode pesquisar na Internet (são comuns e fáceis de encontrar):

  • Exercício da Roda da Vida
  • Exercício da Linha da Vida
  • Radar da Personalidade
  • Metodologia DISC
  • Entre outros.

Gostamos daquilo em que somos bons

Segundo a pesquisadora, professora e autora, Barbara Oakley – De Aprendendo a Aprender[2], tendemos a gostar daquilo que fazemos bem, no que somos bons.

Mas, penso que o mais interessante é que, em suas pesquisas, concluiu que o oposto também pode ser verdadeiro e que, após nos esforçarmos para nos tornarmos bons em algo, passaremos a gostar daquilo quando lá chegarmos.

Essa é uma excelente notícia para aqueles buscam adquirir novos conhecimentos e novas competências para se reinventar e para todos os que estão descontentes com o sítio em que estão atualmente e precisam de um empurrão para sair desse lugar.

Nunca é tarde para se transformar e trilhar um novo caminho.

Com isso em mente, podemos seguir para o nosso objetivo que é o de projetar com o auxílio do BMY o nosso futuro almejado.

Pensamento Causal x Pensamento Efectual

Podemos iniciar o nosso exercício de projeção de duas maneiras distintas:

Podemos iniciar definindo aquilo que queremos alcançar, ou fazer, no modelo mental (lógica) mais usual – de buscar por oportunidades de negócio e projetar os resultados esperados – o chamado pensamento “causal”, ou inverter as coisas com o pensamento “efectual”.

“Efectual” nem sequer aparece em nosso dicionário, mas é baseado na investigação da Professora Sara Sarasvathy sobre o que ela chamou de Effectuation[3], que, de forma muito resumida é um modelo de pensamento lógico (sistematizado a partir de pesquisas empíricas e método científico) de como os empreendedores de sucesso decidem e orientam as suas ações sobre um novo empreendimento.

Não cabe aqui tratarmos dessa metodologia em sua totalidade, mas apenas perceber que o BMY é mais útil para esse tipo de pensamento do que para o pensamento “causal” como veremos a seguir.

Para aqueles que querem saber mais, deixo links nas notas de pé de página.

Effectuation e o BMY

Nas investigações da Professora Sarasvathy fica claro que os empreendedores bem-sucedidos iniciam novos projetos com o que ele denomina do Princípio do “Pássaro na Mão”, que se resume em quem são, o que sabem e quem conhecem, para daí derivarem o que farão de seguida.

E, se fizemos a nossa lição de casa e preenchemos o nosso BMY com a nossa situação atual, teremos essas respostas.

Agora, para projetar nosso futuro, precisamos tentar encaixar essas três peças:

  • O que sabemos fazer?
  • O que gostamos de fazer?
  • O que os outros precisam?

Para esse exercício, podemos pensar em diferentes configurações e caminhos, alterando peças do nosso puzzle de 9 blocos do BMY, mantendo o Bloco Quem sou eu e o que tenho como base, alterando os demais.

BMY

Como irão eventualmente perceber, é provável que nesse processo, fique evidente a necessidade de desenvolvermos novas competências, adquirir novos conhecimentos, ou mesmo encontrar parceiros que possam cobrir eventuais lacunas em nosso projeto.

Mas, isso não é um problema, é de fato a realidade da vida do empreendedor e não se contrapõe ao Princípio do Pássaro na Mão, apenas ilustra que mudanças envolvem mais que a vontade de mudar e necessitará de um tanto de esforço de nossa parte.

Avaliando as projeções com olhar crítico

Após criamos os possíveis cenários alternando os blocos do nosso BMY, precisamos avaliar o nosso Modelo com olhos críticos e perceber se ele se equilibra em um novo tripé:

  • O projeto é atrativo? Os nossos segmentos de clientes têm essa dor, percebem-na e buscam ajuda para resolvê-la?
  • O projeto é factível? Eu tenho os conhecimentos, as competências, o capital e os meios necessários para executá-lo?
  • O projeto é viável? O projeto é sustentável? Pode retornar o dinheiro e o tempo investidos?

Como tornar essa projeção uma realidade?

Até esse momento, estamos a pensar e a projetar um cenário ideal, uma possibilidade que pode tornar-se realidade num futuro mais ou menos distante, a depender da sua complexidade e da nossa disponibilidade para executar os passos necessários para lá chegar.

Resta-nos ainda transformar esse modelo estático (essa fotografia), em um projeto dinâmico. Ou seja, desmontar essa ideia em pequenos passos que possam ser dados com algum ritmo e consistência ao longo de um período.

Para isso, utilizaremos ao menos 3 ferramentas em conjunto:

  • Definiremos nossas Metas de Mobilidade (com SMART)
  • Definiremos nossas Metas de Aprendizado
  • E traçaremos o nosso Plano de Ação – 5W2H

Mas esse é o assunto para o nosso terceiro e último artigo a ser lançado na próxima semana.

Espero que esteja sendo útil e que nos encontremos por aqui em breve.


[1] Sociocracia 3.0

[2] Aprendendo a Aprender.

[3] Effectuation

Thiago Ribeiro

Estrategista de Marketing, Designer de Serviços, Professor de Negócios e Mestre em Economia.
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